sexta-feira, 18 de maio de 2018

Não sou candidato!



Não sou candidato!


Professor Nazareno*

            Fiquei surpreso e ao mesmo tempo muito puto quando minha filha me informou que eu seria candidato ao governo de Rondônia nas próximas eleições, pois o meu nome aparecia em uma pesquisa de opinião com 0,93 por cento das intenções de voto. Sob o registro no TER/RO com o número 02923/2018, estava lá o nome Prof. Nazareno no meio de outros possíveis candidatos. Óbvio que não sou eu. Ou é uma brincadeira de muito mau gosto ou se trata realmente de alguém com o meu nome, o que seria algo absolutamente normal. Não teria coragem para tanto. Ser candidato a um cargo político e ainda por cima num Estado lascado e atrasado como Rondônia seria algo que eu não desejaria nem para o meu pior inimigo. Por isso, tranquilizo os dois ou três leitores que tenho e lhes asseguro que ainda não perdi a cabeça para estar fazendo essas loucuras.
            Tenho até participado da política, mas não gosto dela a ponto de me submeter a humilhações deste tipo. E vou logo avisando que se qualquer um cidadão ou eleitor idiota ou filho da puta se meter a votar em mim, eu não responderei pelos meus atos e o excomungo para sempre da minha vida. Como administrador, eu sou um zero à esquerda e mal consigo me administrar. Se tivesse que participar “dessa coisa horrorosa” certamente eu o faria em um lugar civilizado e com eleitores conscientes, jamais escolheria “isso aqui”. Talvez em algum Estado mais desenvolvido do sul do país ou até mesmo na civilizada Europa eu admitisse sair candidato a algo. Esse fim de mundo jamais seria governado por mim. Tenho quase 60 anos e pelo que sei, ainda não perdi a razão nem a cabeça. Tranquilizem-se: não sou e nem quero ser candidato a nada.
            As razões por que eu jamais me candidataria são óbvias: eu detesto Rondônia e também a sua podre e imunda capital e não vejo a hora de sair daqui. Quero morar num lugar mais civilizado e limpo. Além do mais, só estando louco ou mal intencionado para participar do jogo sujo que é a política. Não quero ser presidente, governador, deputado ou senador. Que graça tem hoje participar da política e não poder roubar nada ou ficar rico ilicitamente? O Ministério Público, a Polícia Federal, parte do Poder Judiciário e outras “palmatórias do mundo” estão muito atuantes e poderiam estragar tudo. Só entro nesse jogo se for para enriquecer com o dinheiro público. Caso contrário, nem pensar. Nunca fui filiado a partido político nenhum, odeio a mentira e quero distância de gente simplória e sem leitura de mundo. Como eu pediria voto na periferia de Porto Velho?
            O fato é que a política no Brasil nunca me encantou. Como participar de tudo isso se não sou evangélico? Como mentir que vou ajudar os pobres e miseráveis se não sou filantropo? Como, enfim, me dedicar de corpo e alma a algo tão rentável e lucrativo se não gosto de dinheiro? Tenho medo de ficar rico e muito pior: de ficar famoso. Por tudo isso, peço encarecidamente às pessoas de bom senso que se o nome que aparece nesta pesquisa maluca realmente for o meu, não votem em mim. O que eu faria como governador certamente não agradaria a ninguém. Se o diabo ajudasse e eu fosse eleito, trabalharia para a extinção completa de Rondônia, que só prejuízo dá ao Brasil. Mandaria implodir as três Caixas d’Água de Porto Velho e destruiria também o Espaço Alternativo. As hidrelétricas do Madeira seriam desmontadas. E quem ama essas tolices que só existem aqui não gostaria que isso acontecesse. Então, esqueçam-me, por favor!




*É Professor em Porto Velho.

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