quarta-feira, 16 de maio de 2018

Curitiba e Porto Velho: nada a ver



Curitiba e Porto Velho: nada a ver


Professor Nazareno*

No momento estou em Curitiba, a bela, limpa e florida capital do Paraná. Aqui, nada lembra Porto Velho, a suja, mal cuidada, cheia de carniça e fedorenta capital de Rondônia. Estou encantado, pois nesta cidade tudo cativa e deslumbra. Com aproximadamente dois milhões de habitantes e quase quatro milhões se contarmos a sua área metropolitana, a asseada capital dos paranaenses é só progresso, desenvolvimento e modernidade. Tem mais de sete vezes a população da imunda capital dos rondonienses, mas nela quase tudo funciona. Enquanto Porto Velho tem clima de rincão africano e de sertão nordestino, em Curitiba e no sul do país estamos no outono com temperaturas agradabilíssimas. Dificilmente passa dos 20 graus. Nada de umidade, suor, catinga de sovaco, calorão, transpiração excessiva ou qualquer vestígio de poeira, lama ou sujeira.
Com alguns problemas de saúde, vim fazer um check up, já que em Porto Velho não tem a mesma e eficiente medicina daqui. As opções karipunas seriam o “açougue” João Paulo Segundo ou então o Hospital de Base, ou seja, nenhuma. Em média, paga-se 300 reais por uma consulta com direito a recibo, coisa que em Rondônia muitos profissionais da saúde, além de cobrar bem mais caro, se negam a fazer. O transporte coletivo de Curitiba é excelente e imita o de muitas cidades do Primeiro Mundo. Do aeroporto, em São José dos Pinhais, para qualquer ponto da metrópole, paga-se apenas uma passagem com tempo médio de espera de apenas 15 minutos. O preço é quase igual ao que se paga em Porto Velho. Ônibus limpos, confortáveis e climatizados dão gosto. Bem diferente do Consórcio SIM com os seus carros já sucateados, quentes e sujos.
Muitos dirão que a capital do Paraná é assim por que é antiga e que Porto Velho é ainda muito jovem. Engano, pois estive andando pelo interior do Estado paranaense. Maringá com 65 anos é um deslumbre só. Tem quase a população da suja Porto Velho. Londrina, com pouco mais de 80 anos e bem maior do que a “capital da sujeira” se destaca pela beleza e pelo asseio de suas ruas. Todas são cidades muito jovens, mas bem cuidadas. Cascavel, próxima à cidade onde nasceu o atual governador Daniel Pereira fica nos primeiros lugares em saneamento básico e água tratada. Além, claro, de ser um verdadeiro jardim para os olhos de seus visitantes. Tomara que o nosso governador se entusiasme, lembre os tempos de infância e transforme Porto Velho também num jardim. Muitas flores, praças arborizadas, organização e ausência de lixo são rotina aqui.
Como em Rondônia, o Paraná tem também políticos ladrões, pobreza, corrupção e violência. Mas nem de longe pode se comparar os dois lugares. Os políticos do Paraná demonstram que têm muito amor por sua capital e pelo Estado. Foi o Paraná e não Rondônia que criou a Operação Lava Jato. Sérgio Moro não é rondoniense e talvez jamais visite Porto Velho. Curitiba foi uma das sedes da última Copa do Mundo. Seus dois clubes, o Furacão e o Coxa, já foram campeões nacionais e são conhecidos no mundo inteiro. Alguém conhece o Genus? E a “Arena Aluizão” com seus 600 lugares? Rua das Flores, Praça do Japão, Rua 24 horas, Centro Cívico, Passeio Público, Museu do Olho, Santa Felicidade, Ópera de Arame, Jardim Botânico. Tudo só flores, flores. Diferente de lama, lama, poeira, poeira. Europa e África subsaariana num mesmo país. Tchau, Curitiba. Até breve! Tenho de voltar para o inferno, pois ainda sou eleitor por lá.




*É Professor em Porto Velho.

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