domingo, 5 de fevereiro de 2017

A síndrome do atraso


A síndrome do atraso


Professor Nazareno*


O Brasil é um lugar muito atrasado, claro. Em quase todos os aspectos que vivenciamos no cotidiano percebemos que o nosso país se for comparado a uma nação de Primeiro Mundo como Finlândia, Suécia, França, Alemanha, Japão, dentre muitas outras fica há anos luz em termos sociais, econômicos e tecnológicos. Para muitos ainda não chegamos sequer à Idade Média. E faz sentido. A nossa política é uma desgraça. Quase todos os nossos políticos são pessoas que só se preocupam consigo mesmas. Do presidente da República ao mais humilde vereador, a maioria deles passa todo o mandato, dado pelos eleitores, tentando arrumar meios de enriquecer ainda mais mesmo que de forma ilícita. Por isso, a classe política perdeu completamente o pouco privilégio que tinha. Ser político hoje representa o que de pior existe dentre todas as profissões.
Sem leitura de mundo, semianalfabeta e com pouquíssimas informações a grande massa ignara do nosso país continua sendo vítima séculos a fio das vontades alheias. João Doria em São Paulo e Hildon Chaves em Porto Velho, por exemplo, conseguiram “ludibriar” grande parte de seus tolos eleitores afirmando não serem políticos, embora estando em campanha política. Mal assumiram, agem como políticos mesmo. E dos piores. Há mais de um mês à frente de Porto Velho, Hildon Chaves não fez absolutamente nada que o diferenciasse do “lento” Mauro Nazif. Em São Paulo, Doria se notabiliza apenas pelas rompanças absurdas: se fantasia todo dia de gari, de trocador de ônibus ou de outra profissão menos reconhecida financeiramente. No dia em que se vestir de prefeito, talvez não seja reconhecido pela população que o elegeu.
O Brasil é um país que foi concebido para não dar certo. O seu povo é na maioria estúpido, desinformado e alienado. Não conhece os seus direitos elementares, não tem educação e, quase sempre, ainda defende coisas que na época medieval já eram questionadas. Os “livros de Ariquemes” e o desejo de morte de um opositor político como a esposa do Lula fazem um Voltaire ou um Shakespeare tremerem no túmulo. A lama da Samarco, a Boate Kiss, o golpe da Direita contra o PT, o abandono das obras feitas para a Copa do Mundo e para as Olimpíadas, a nomeação de um Moreira Franco para driblar o STF, as mortes de Teori Zavascki, Celso Daniel e Eduardo Campos, a carnificina dentro dos presídios e o constante desrespeito aos direitos humanos e às convenções internacionais colocam este país no final da fila em termos de civilidade.
O “país sem futuro” fracassa em tudo. Figura entre as dez maiores economias do mundo, mas o povão tem um padrão de vida pífio. A miséria, a violência, a degradação ambiental, a exploração, o atraso e a desigualdade social são fatos rotineiros e até já impregnados ao cotidiano de todos. Sem investimentos em educação de excelência, em pesquisas e em planejamento caímos todos os anos nos índices de qualidade de vida. Somos uma eterna “potência de iletrados”. A federação é uma farsa uma vez que os Estados mais prósperos do Sul do país sustentam os mais pobres. O Norte e o Nordeste quase sempre só dão prejuízos e vergonha para o restante da nação. Mas neste mês de fevereiro tudo se esquece. É o Carnaval com suas mulheres nuas mostrando para o mundo o seu melhor produto de exportação. Até no futebol já decaímos antes mesmo dos 7 X 1. O que esperar de um país onde 170 pessoas são assassinadas todo dia?





*É Professor em Porto Velho.

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