quinta-feira, 7 de abril de 2016

O Satanás é brasileiro



O Satanás é brasileiro


Professor Nazareno*



            Muitas pessoas já ouviram falar de que Deus é brasileiro. E marotamente ficam entusiasmadas com esta tolice tipicamente nacional. Quando esteve no nosso país pela última vez, no Rio de Janeiro, o Papa João Paulo Segundo disse que “se Deus é brasileiro, o papa é carioca”. Errou feio o pontífice. Deus jamais poderia ter nascido numa desgraça de país como este. Com mais de 200 milhões de habitantes e uma extensão territorial invejável, a nossa pífia nação já foi a sexta potência econômica do mundo tão somente por causa das commodities e jamais por causa de sua capacidade de empreendedorismo ou produção de conhecimentos. O Brasil tem um dos piores sistemas de educação do mundo e sem um Oscar ou um Prêmio Nobel entra para o rol das nações inúteis sob o ponto de vista da importância geopolítica internacional.
            Se o Diabo não nasceu aqui, certamente ele é o padroeiro-mor desta terra de ninguém. Hoje, a nossa rica safra de problemas parece não ter mais fim. Praticamente fora da próxima Copa do Mundo de futebol, já que é quase certo que não vamos ao torneio na Rússia tendo em vista os terríveis resultados nas eliminatórias, a nação agoniza sob os infindáveis problemas políticos, sociais e econômicos. Nem no futebol temos a esperança de ser alguma coisa. Neste insólito país, a população saqueia carga de qualquer caminhão que tombe na estrada. Só pode ser o “padroeiro” que manda fazer um absurdo deste. Se ladrões, que são muitos, explodem um caixa forte ou uma agência bancária, a população corre desesperada para catar as notas espalhadas pelo vento como se isso fosse a coisa mais normal do mundo. Será o cão ordenando que eles façam isso?
            Nesta terra dominada pelos desejos do Satanás, praticamente nada dá certo. Na política, por exemplo, vive-se um verdadeiro “cu de mãe Joana”. Num arremedo de democracia, a presidente Dilma Rousseff mentiu descaradamente para eleger a sua chapa nas últimas eleições presidenciais. Eleita aos trancos e barrancos, agora pode ser escorraçada do poder por opositores muito mais sujos do que ela e o PT, o seu fracassado e corrupto partido. O Poder Judiciário, que numa crise institucional como esta poderia ser o fiel da balança, comporta-se às vezes de maneira festiva e pouco convencional. Juízes e Ministros do STF, picados pela “Mosca Azul”, transformam-se em megasstar e não param de dar entrevistas e de participar de programas televisivos. A crise política já virou uma ridícula e ultrapassada disputa entre a Direita e a Esquerda.
                Na nação onde o Capiroto manda, todo mundo quer levar vantagem em tudo. Quase ninguém pensa no coletivo, somente no individual. E por isso toda a sociedade perde. Se Dilma sair do poder, assume o vice-presidente Michel Temer, que tem mais de 84% de rejeição popular e durante mais de duas décadas foi companheiro inseparável dos petistas. Assim como a presidente, ele também é alvo de um processo de impeachment e corre o risco de não assumir nada. No país adepto das trevas quentes, o terceiro na linha de sucessão é o peemedebista Eduardo Cunha, presidente da Câmara dos Deputados, que está enrolado até o pescoço em falcatruas e desmandos e dispensa quaisquer comentários. Depois de Cunha, o próximo é Renan Calheiros, presidente do Senado e que também responde a inúmeros processos. O Cramunhão, saído das profundezas e melhor do que qualquer um deles, devia assumir o poder maior no Brasil.



*É Professor em Porto Velho.

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