domingo, 10 de abril de 2016

Dilma, a santa do Brasil



Dilma, a santa do Brasil


Professor Nazareno*
         
          O Brasil é o maior e mais populoso país católico do mundo. Mas não tem e nem nunca teve nenhum santo ou santa. Porém, desta vez a presidente Dilma Vana Rousseff é seriíssima candidata a este posto do Vaticano e da Igreja Católica. Ex-guerrilheira e militante política de esquerda, a feroz combatente enfrentou com desenvoltura e muita bravura a ditadura militar e por isso pegou em armas para defender seus princípios democráticos nas décadas de 1960 e 1970. Presa, foi covardemente espancada e torturada por seus algozes. Poucas mulheres no mundo inteiro, em todos os tempos, tiveram a coragem dela. Sem jamais desistir de seus objetivos, ingressa na política no Rio Grande do Sul e democraticamente vai assumindo cargos e mais cargos até chegar ao Ministério das Minas e Energia e depois é aclamada duas vezes presidente do país.
O coração valente do Brasil” já entrou para a nossa História como a primeira mulher a assumir o maior posto da nação em 510 anos. Dilma, em pouco tempo à frente do governo brasileiro, mostrou ser muito superior a Margareth Thatcher, a “Dama de Ferro” dos ingleses ou mesmo a badaladíssima Angela Merkel, chanceler alemã. Seus governos se notabilizaram pela preferência aos pobres e desassistidos. Criou o PAC, Programa de Aceleração do Crescimento e, apesar da crise na economia mundial, soube com garra e muita desenvoltura administrar para os mais necessitados. Nunca antes neste país os pobres tiveram tanta atenção e cuidado. Depois dela é que surgiu Michelle Bachelet no Chile, Cristina Kirchner na Argentina e até Hillary Clinton nos Estados Unidos. Nossa líder sempre foi referência em todos os fóruns e assembleias mundiais.
Mas como “tudo que é bom dura pouco”, a performance da primeira mulher eleita e reeleita presidente do país pode, por mero capricho, estar chegando ao fim. A direita conservadora, elitista e reacionária nunca se conformou de ter perdido o poder pela segunda vez seguida, nas urnas, para uma mulher. Por isso, um golpe, uma virada de mesa, uma manobra, um conchavo pode tirar-lhe definitivamente o cargo. Na nossa democracia de araque e de faz de conta, apenas 342 votos na Câmara dos Deputados serão superiores e jogarão por terra os anseios e desejos de mais de 54 milhões de pessoas que antes sufragaram todas as suas esperanças na mais importante dama que o Brasil já teve. A nossa democracia é assim: a “esmagadora minoria” decide mudar a fórceps o que a maioria já tinha antes decidido democraticamente para o seu destino.
A “Joana d’Arc do século XXI”, a mãe dos pobres”, a “madrinha das obras necessárias”, a “guerreira do Brasil”, o nosso “primeiro e único coração valente”, nunca roubou um só centavo de ninguém. Não é uma mulher rica nem tem bens que não sejam compatíveis com a sua renda. Não é corrupta nem tem nem nunca teve contas no exterior. De quê lhe acusam? É uma mulher HONESTA, PROBA e COMPETENTE, mas pode perder, esta semana, o cargo que ocupa legalmente. E para quem? Para o Michel Temer, para o Eduardo Cunha ou até para Renan Calheiros, todos homens, todos enrolados até o pescoço com os desmandos e com a corrupção. E todos dispensam quaisquer comentários. Mas o Brasil não consegue ver isso. Com a sua iminente queda, entrará para a História como poucos homens. Com a nossa santa tirada do poder, o país fica de luto e levará tempo para “outra saia” assumir o nosso destino. Vai fazer falta!




*É Professor em Porto Velho.

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