quarta-feira, 14 de outubro de 2015

Professor, a escória social



Professor, a escória social

Professor Nazareno*

       Dia 15 de outubro. No Brasil é comemorado o Dia do Professor. Comemorado não, apenas lembrado e lamentado. Numa sociedade que nunca valorizou nem valoriza este profissional e muito menos a sua faina diária, qualquer ação que lembre alegria e festa não passa de pura hipocrisia, de mentira deslavada, de adulação e puxa-saquismo. O nosso país é um dos poucos do mundo que não dá a mínima importância à educação e ao educador. Políticos, demais autoridades e governantes vão à mídia neste fatídico dia para dizer lorotas e mentiras usando o nome desse profissional. Mentem à vontade tentando passar a imagem de serem grandes admiradores dos mestres. Se todos os professores tivessem as características que os políticos dizem que têm, jamais estes se confraternizariam com aqueles. “Ao mestre com carinho” é só falsidade mesmo.        
      Acredita-se que apenas trinta por cento, em média, dos educadores no Brasil são esforçados, competentes, comprometidos e dedicados à profissão e ao saber. Querem a vitória e o sucesso dos seus alunos. Veem-se como importantes dentro da sociedade. Valorizam o seu próprio trabalho e incentivam a busca pelo conhecimento. E valem cada centavo que recebem para formar as futuras gerações. Ganham pouco, pelo muito que fazem pela educação. Do outro lado, no entanto, há um grupo bem maior: cerca de 70 por cento dos professores são canalhas e picaretas, por isso merecem os achincalhes e os insultos que recebem diariamente. Ganham muito bem, pelo pouco que fazem. Odeiam a profissão, não formam conhecimentos e debocham de qualquer um aluno que queira seguir a sua honrada labuta.  São fracos, incompetentes e às vezes, alienados.
          Esses maus educadores não entendem quase nada de política, geralmente seguem o senso comum, há décadas elegem e reelegem os mesmos colegas para dirigir seus sindicatos pelegos, jamais preparam uma aula e durante a mesma ficam estudando dentro de sala para poder passar num concurso público “que dê mais dinheiro”. Pior: no final do ano, para se ver livre do batente e entrar logo de férias, participa de um Conselho de Classe espúrio, imoral e indecente que aprova alunos semianalfabetos que mal sabem escrever o próprio nome depois de anos de escola. Como não culpá-lo também pelo fracasso da educação no país? É comum veem-se professores torcendo por times de futebol. Vestindo um ridículo uniforme, discutem com um fanatismo tolo que não leva a nada. E ainda há os “acéfalos” que ensinam religião dentro da sala de aula.
         O mau professor geralmente é homofóbico, racista e antiético. Piadas infames já prontas para achincalhar várias minorias quase sempre são contadas em salas de professores para a gargalhada geral.  Já o bom professor é injustiçado: se mata feito um condenado para preparar alunos para o ENEM e vestibulares. E quando há aprovação, os pupilos só agradecem a Deus pela vitória alcançada. “Obrigado, Deus”, é o que mais se lê nas redes sociais. Deus não deu uma única aula nem corrigiu nenhuma redação desses infelizes, mas leva os louros, enquanto o mestre é rapidamente esquecido. Mas nas reprovações, muitos pais vão em cima de quem para reclamar do infortúnio e do fracasso? Ser professor não é fácil, mas é gostoso e gratificante. Há exatos 40 anos, ainda não descobri, no entanto, a qual grupo de educadores pertenço. Mesmo assim, parabéns para o bom e o mau professor. A “escória” é importante. E salvaria o país.




*É Professor em Porto Velho.

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