sexta-feira, 21 de outubro de 2011

Por que o Poder é tão cobiçado?




“Todo Poder emana do Açúcar e do Mel...”


Professor Nazareno*


           
Está escrito no Artigo Primeiro, parágrafo único, da nossa Constituição que todo poder emana do povo e em seu nome será exercido. Pode até ser, mas tem-se visto ultimamente, aqui e no mundo inteiro, que se trata de mais uma frase estéril e sem nenhum efeito prático. O poder deve ser muito doce, pois quem chega a ele não quer deixá-lo jamais. O fascínio exercido por ele encanta a quase todos. Saddam Hussein, ex-mandatário do Iraque poderia estar vivo até hoje. Vivo e muito rico vivendo como exilado político em qualquer um dos vários países que lhe propuseram abrigo antes da invasão norte-americana ao seu país em 2003. Claro que teria que deixar o Governo para gozar de todas essas regalias. Muammar Kadafi, ex-ditador da Líbia, morto recentemente, também rejeitou a mesma proposta. Ele, a fortuna que pilhou dos seus cidadãos e toda a sua família poderiam ter ido para o exterior após abdicar o poder. Como Saddam, rejeitou e preferiu lutar até o fim. Foi fuzilado. Saddam, enforcado.
Viver uma vida de nababo em um país distante e com toda a proteção possível deve ser o sonho de qualquer ser humano que tenha um mínimo de bom senso. Saddam e Kadafi, inebriados pelo poder e na ânsia de ganhar sempre mais, trocaram essa maravilhosa idéia pela morte. Morreram como ratos escondidos em buracos. Não estavam satisfeitos com as suas fortunas. Queriam mais poder e mais dinheiro. O ex-ditador iraquiano disse certa vez que só deixaria o cargo depois de um banho de sangue, pois foi isso que fez para ser o dirigente maior do seu povo. Na Líbia, o coronel Kadafi disse que tinha três opções para resolver o problema dos protestos da Primavera Árabe em seu país: “ficar na Líbia, ficar na Líbia e ficar na Líbia”. Para eles, “nem mel, nem cabaça”. No restante do mundo a situação parece não ser muito diferente quando o poder está em jogo. Ninguém quer largá-lo facilmente. No Brasil, por exemplo, a elite mandou durante 502 longos anos. E para ter o poder, “fez acordo até com o diabo”.
          Agora, quem manda no Brasil é o PT, que para conseguir o domínio também fez alianças com tudo e com todos. O escândalo do Mensalão foi uma tática, saída das entranhas do Partido dos Trabalhadores para conseguir mais força. Já faz nove longos anos que a “estrela vermelha” manda em nós e deve continuar assim por mais uns três anos pelo menos. O PMDB, aliado de primeira hora dos petistas e que nunca deixou de ser poder, até durante a Ditadura Militar era quem mandava no Estado do Rio de Janeiro, por exemplo, através do Chagas Freitas, parece que jamais deixará de mandar no país. É sempre assim: quem chega ao poder, jamais quer sair dele. Em Rondônia não é diferente: no topo, tudo é válido para não largar a “boquinha”. Quando o Governo do Estado anunciou que faria eleições para a escolha dos novos diretores de escolas estaduais, os olhos de muitos professores começaram a brilhar de forma muito estranha. A possibilidade de chegar a mandar, mesmo em escolas sujas, desorganizadas, totalmente desvalorizadas e caindo aos pedaços, encanta a muitos. É a chance do poder.
A recente crise na Unir, Universidade Federal de Rondônia, exemplifica muito bem esta tese. Por que o reitor José Januário não quer deixar o danado do poder? Claro que ele foi eleito democraticamente e pelos meios legais, mas tem muita gente que está muito insatisfeita com a sua desastrada administração. Comenta-se “à boca larga” que há todo tipo de irregularidades e desmandos na única universidade pública de Rondônia. Para o bem de todos e felicidade geral do meio universitário, ele deveria renunciar ao cargo imediatamente. Mas a sede de poder é tamanha que, por enquanto, não está disposto a fazer isso. No Sintero, o Sindicato dos Trabalhadores em Educação do Estado de Rondônia é a mesmíssima coisa. A atual diretoria está encastelada no poder há mais de vinte anos. Seus membros se revezam na Presidência do Sindicato como se fossem uma dinastia daquelas verificadas no Iraque ou na Líbia. Se pudessem, nem eleições eles permitiam por lá. Aliás, tem muito sindicalista em Rondônia que não sabe o que é trabalho há muito tempo. Perder “a mamata” que o poder proporciona, jamais. Isto está comprovado nas eleições que acontecem. A baixaria é tanta que muitas vezes é a Justiça quem decide o imbróglio. Uma vergonha para quem chegou ao auge defendendo a democracia e a rotatividade de cargos. Não termos fuzilamentos ou forca é muita sorte.





*É Professor em Porto Velho.

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